domingo, 16 de novembro de 2014

CHARLES BAUDELAIRE 193 ANOS!! * ANTONIO CABRAL FILHO - RJ

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Charles Baudelaire,
poeta francês, nasceu 09 de abril de 1821. Portanto,
está completando 193 anos. Vamos celebrá-lo!
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O ALBATROZ

Às vezes, por folgar, os homens da equipagem
pegam de um albatroz, enorme ave do mar,
que segue - companheiro indolente de viagem -
o navio no abismo amargo a deslizar.

E por sobre o convés, mal estendido apenas,
o imperador do azul, canhestro e envergonhado,
asas que enchem de dó, grandes e de alvas penas,
eis que deixa arrastar como remos ao lado.

O alado viajor tomba como num limbo!
Hoje é cômico e feio, ontem tanto agradava!
Um ao seu bico leva o irritante cachimbo,
outro imita a coxear o enfermo que voava.

O poeta é semelhante ao príncipe do céu
que do arqueiro se ri e da tormenta no ar;
Exilado na terra e em meio do escarcéu,
as asas de gigante impedem-no de andar.
&
CORRESPONDÊNCIAS

A natureza é um templo onde vivos pilares
podem deixar ouvir confusas vozes: e estas
fazem o homem passar através de florestas
de símbolos que o vêem com olhos familiares.

Como os ecos além confundem seus rumores
na mais profunda e mais tenebrosa unidade,
tão vasta como a noite e como a claridade,
harmonizam-se os sons, os perfumes e as cores.

Perfumes frescos há como carnes de crianças
ou oboés de doçura ou verdejantes ermos
e outros ricos, triunfais e podres na fragrância,

que possuem a expansão do universo sem termos
como o sândalo, o almíscar, o benjoim e o incenso
que cantam dos sentidos o transporte imenso.
&
A UMA PASSANTE

A rua em derredor era um ruído incomum,
longa, magra, de luto e na dor majestosa,
uma mulher passou e com a mão faustosa
erguendo, balançando o festão e o debrum;

nobre e ágil, tendo a perna assim de estátua exata.
Eu bebia perdido em minha crispação
no seu olhar, céu que germina furação,
a doçura que embala e o frenesi que mata.

Um, relâmpago e após a noite! - Aérea beldade,
e cujo olhar me fez renascer de repente,
só te verei um dia e já na eternidade?

Bem longe, tarde, além, jamais provavelmente!
Não sabes aonde vou, eu não sei aonde vais,
tu que eu teria amado - e o sabias demais!

Charles Baudelaire
As Flores do Mal
Tradução, introdução e notas:
Jamil  Almansur Haddad
Edição Cículo do Livro 1995.
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SAIBA MAIS...
1 - http://www.youtube.com/watch?v=KpNvRD7-a6k
&
2 - http://www.poetry-archive.com/b/baudelaire_charles.html 
&
3 - http://www.algumapoesia.com.br/poesia/poesianet003.htm 
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